Considerando as recentes divulgações de acidentes fatais e familiares, envolvendo morte por intoxicação respiratória, cabem os seguintes esclarecimentos e orientações técnicas.
O GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), popularmente conhecido como gás de cozinha ou gás de botijão, é composto de uma mistura de hidrocarbonetos “leves”, dominantemente o Propano (C3H8) e o Butano (C4H10), utilizado basicamente em fogões, boilers e aquecedores de água.
O GN ou gás natural, também uma mistura de hidrocarbonetos leves previamente tratados e depurados, com predominância do Metano (CH4), é utilizado basicamente em processos industriais (caldeiras, fornos, fornalhas e similares) e, com algum percentual de Etano (C2H6), é comercializado como nome de GNV (Gás Natural Veicular).
Tais gases combustíveis são dotados de componente químico que confere odor artificial e característico, facilmente perceptível, para que possibilite a imediata identificação de vazamentos e escapamentos.
Entre outras emissões, a queima desses gases e de outros combustíveis (gasolina, etanol e diesel) produz fortes concentrações de Monóxido de Carbono (CO), gás inodoro e cerca de 25 % “mais pesado” (mais denso) que o ar atmosférico, o que facilita a concentração nas camadas inferiores em ambientes confinados ou pouco ventilados, e por consequência, a aspiração por seus ocupantes. Também a queima de lenha ou carvão de lenha em fogões, churrasqueiras e lareiras é uma forte fonte de emissão de Monóxido de Carbono.
Com a propriedades altamente tóxicas ao organismo humano, o CO tem o potencial cerca de duzentas vezes superior ao Oxigênio de se combinar com a hemoglobina, desoxigenando aceleradamente o sangue e o cérebro, levando rapidamente a disfunções biológicas, em curto período sinalizadas como forte e repentina dor de cabeça, ardência nos olhos, dificuldades na visão e no raciocínio, tontura, fraqueza excessiva, desmaio e morte. Em crianças, idosos e pessoas doentes tal processo é ainda mais acelerado. A rápida ação intoxicante dificulta, inclusive, o pedido de socorro a terceiros. Os acidentes mais comuns, quase sempre com casos fatais, se devem à elevada concentração de Monóxido de Carbono nos ambientes residenciais (banheiros, cozinhas e dormitórios) e em garagens fechadas com os motores dos veículos em funcionamento. Quase sempre ocorre o que se pode chamar de “morte silenciosa e sem luta pela sobrevivência”.
Ao primeiro sinal de alguns desses sintomas as providências de segurança recomendam sair imediatamente do ambiente e retirar os ocupantes; arejar o ambiente, abrindo janelas e portas; desligar a fonte da queima e geração do CO e outros gases.
Por normas técnicas vigentes dos últimos 15 anos, os sistemas de aquecimento de água (boilers e de passagem) que utilizam combustíveis fósseis e instalados em ambientes internos devem atender uma série de requisitos de projeto e instalação, que eliminem (ou minimizem) as possibilidades de concentrações elevadas de Monóxido de Carbono e outras emissões no interior das edificações, principalmente com a adoção de dutos e sistemas exaustores motorizados acoplados aos equipamentos.
Em imóveis desconhecidos e ocupados por hospedagem breve é necessária a inspeção prévia das condições operativas e de segurança (exaustão externa) dos equipamentos que possam gerar concentrações de CO. Nos imóveis de habitação habitual e continuada, a verificação periódica do estado geral dos equipamentos, dos dutos de exaustão e dos níveis de concentração do CO e outros gases nocivos nos ambientes dotados de equipamentos emissores é uma medida importante para a prevenção.